Content Shock: é o fim do Marketing de Conteúdo?
Desde que internet se popularizou e nos apresentou outras maneiras de fazer comunicação, inúmeras foram as transformações pelas quais já passamos. Somente da própria internet já devemos caminhar para o estágio 5.0, sendo todos eles marcados por novas tecnologias, apropriações de novas ferramentas e reformulações de técnicas de produção.
O Marketing de Conteúdo pra muitos, e eu me incluo nesse time, continua sendo o queridinho na hora de apresentar novos produtos, conquistar potenciais clientes ou manter fiel o público de uma marca. Gerar conhecimento, oferecer conteúdo de qualidade e atender necessidades sempre foram práticas que funcionaram, mas o estado mutável da comunicação também tem mudando esse cenário.
Há pelo menos 4 anos, pesquisadores norte americanos já falam em "Content Shock", ou em livre tradução "Choque de Conteúdo", que seria apropriando-se de um conceito da economia, a velha relação entre oferta e demanda, que quando um suprimento excede a demanda, os preços caem.
Porém, neste caso, em que o "produto" já é oferecido gratuitamente o que acontece é que o excesso de demandas lançadas na rede acaba por formar um tsunami de informações disponíveis que nem sempre chega ao público alvo. Então, nesse caso para que as pessoas consumam este conteúdo, os pesquisadores afirmam que muito em breve será preciso pagar para que os clientes consumam o conteúdo gerado, tornando a estratégia de marketing pouco sustentável.
Porém, neste caso, em que o "produto" já é oferecido gratuitamente o que acontece é que o excesso de demandas lançadas na rede acaba por formar um tsunami de informações disponíveis que nem sempre chega ao público alvo. Então, nesse caso para que as pessoas consumam este conteúdo, os pesquisadores afirmam que muito em breve será preciso pagar para que os clientes consumam o conteúdo gerado, tornando a estratégia de marketing pouco sustentável.
E se a ideia de pagar para que seus clientes consumam os conteúdos gerados por sua marca lhe parece loucura, acredite, você já está fazendo isso. Deixe-me explicar.
Nós estamos "pagando" pessoas para consumir nosso conteúdo
Ainda é muito recente em minha memória o tamanho do meu fascínio quando os primeiros computadores, hoje apelidados de tijolões ou elefantes brancos, começaram a chegar nas casas dos meus colegas de escolas mais abonados.
Não foram raras as vezes em que eu, que ainda não tinha computador em casa, paguei para ter acesso a conteúdos retirados da tão nova e surpreendente internet. Sim, com as moedinhas destinadas ao lanche eu comprava conteúdos da internet impressos em folhas de papel, na sua maioria, fotos, até então inéditas, de uma dupla de cantores contemporâneos de quem era fandom (ou simplesmente fã, como se dizia na época).
Na ocasião, a possibilidade aparentemente milagrosa de acessar um conteúdo - qualquer que fosse o conteúdo - já era suficiente para gerar uma forte emoção. Certamente os oriundos da geração "Internet Discada" ainda devem ter bem presente em suas memórias afetivas a sensação de ouvir aquele barulhinho de linha telefônica conectando, pós meia noite, claro.
Avanço rápido para 2003, ano em que me tornei criadora de conteúdo, através do meu primeiro blog. Nesse ponto, a web ainda era um espaço relativamente sem aglomerações de conteúdo. Não existia nenhuma rede social que conhecemos hoje, não se falava em influenciadores e não havia cerca de um terço dos produtores de conteúdo que há agora, especialmente considerando os produtores de podcasts, os criadores de vídeo, cravos do Pinterest, comentaristas de Facebook e fotógrafos do Instagram.
Tudo era novidade e tido como hobby.
Mas para entendermos a lógica do investimento na produção, digamos que em 2003 eu passasse dez horas semanais criando conteúdos diarios, que seriam consumidos pelos meus fieis leitores. Transformando isso em valores, supomos que cada hora do meu dia valesse R$100. Em uma semana eu estaria investido R$1.000, em tempo, para oferecer aos meus leitores aquele conteúdo.
Nos dias de hoje, passado todo romantismo da descoberta da internet, essa matemática não é muito diferente. Continuamos investindo tempo e conhecimento na geração de conteúdo, e sim, isso vale dinheiro. Em suma, desde sempre já pagamos para que o nosso conteúdo chegue até nosso público alvo.
O que ameaça o Marketing de Conteúdo?
Inicialmente precisamos analisar dois fatores que afetam a economia do marketing de conteúdo - a quantidade de conteúdo disponível e a quantidade de conteúdo consumido, ou seja, a oferta e a demanda.
É perceptível que o volume de conteúdo livre produzido e distribuindo na web está explodindo em uma escala nunca imaginada (o fornecimento). No entanto, a capacidade de consumo destes conteúdo (a demanda) é humanamente finita. Todos os dias temos as mesmas 24 horas e ainda que nos condicionássemos a consumir tais conteúdo enquanto comemos, trabalhamos e dirigimos, ainda assim, existiria um limite inviolável para este consumo.
Essa relação do consumo de conteúdo finito e a crescente disponibilidade de novos conteúdos foram os fatores que levaram pesquisadores a refletirem sobre este fenômeno batizado de "The Content Shock". Em que a oferta de conteúdo é estupidamente desproporcional a demanda de consumo, o que proporcionalmente esta desencadeando um processo de compra de atenção.
Já que, diante de tantas ofertas, os produtores de conteúdo precisarão dedicar ainda mais tempo do seu dia (e tempo é dinheiro, lembra?) para produzir conteúdos significantemente melhores e provavelmente pagar para que o Google, o Facebook e outros possam dar a chance deste chegar até seu público alvo.
Ou seja, a necessidade de "pagar" para que consumam o conteúdo produzido já é uma realidade.
Segundo pesquisas, a quantidade de conteúdo que consumimos diariamente cresceu de duas horas por dia na década de 1920 para quase 11 horas por dia hoje. Impelidos por dispositivos móveis, a quantidade média de conteúdo que consumimos diariamente subiu duas horas por dia apenas nos últimos três anos.
Quanto mais alto isso pode acontecer? 12 horas por dia? 13? Quem sabe. Mas há algum limite.
Do lado da oferta da equação, a quantidade de informações na web deverá aumentar em 500% (de forma conservadora) nos próximos cinco anos. Se você pode imaginar o quão grande é a Internet, nos próximos cinco anos, vamos ter cinco desses.
Diante dessa matemática, fica mais claro por que pesquisadores já denotam que será um pouco mais difícil ser bem sucedido no marketing de conteúdo.
E o que nos reserva o futuro?
Isso é o que continuaremos pesquisando e reaprendendo.
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